Concerto Liberdade abre programa do Festival de Órgão de Santarém na cidade

Depois de passar pelas vilas que fazem parte do Concelho de Santarém, onde ofereceu recitais
de música em templos religiosos, e por quintas produtoras de vinho da região, onde se
apresentou pela primeira vez, a 6ª edição do FÓS — Festival de Órgão de Santarém chega
finalmente ao planalto escalabitano. A abertura será na Catedral de Santarém, no próximo
sábado, 23 de novembro, com o Concerto Liberdade, uma estreia absoluta a nível nacional,
composta pelo diretor artístico do FÓS.
Durante o fim-de-semana há também um percurso de audições que vai passar por igrejas do
centro histórico, na tarde do mesmo sábado, com a participação do Conservatório de Música
de Santarém; um recital de poesia, acompanhado por música de órgão dirigido a crianças; um
Concerto Histórico na Capela Dourada, ambos no domingo, 24 de novembro, ou ainda a
realização de conversas didáticas e mesas redondas sobre música antiga e órgãos históricos.
A 6ª edição do FÓS — Festival de Órgão de Santarém teve início no passado dia 10 de
novembro e prolonga-se até ao dia 1 de dezembro. Este ano oferece mais uma vez uma
programação que vai muito para além da música e inclui eventos com sessões de dança,
projeção de filmes ou recitais de poesia. O evento anual colocou Santarém no mapa do circuito
dos festivais de música antiga realizados em Portugal, dando destaque à cidade que constituiu
um espaço único a nível nacional, ao reunir na área do seu centro histórico um maior número
de órgãos em boas condições de funcionamento. O FÓS 2024 tem direção artística de Rui
Paulo Teixeira e organização do Município de Santarém, em parceria com a Diocese de
Santarém e a Santa Casa da Misericórdia da cidade.

Concerto Liberdade – Missa Ad Astra | Catedral de Santarém


Obra composta pelo diretor artístico do FÓS, Rui Paulo Teixeira, a Missa Ad Astra é uma estreia
absoluta nacional que integra o Concerto Liberdade, que pode ser visto na Catedral de
Santarém na noite de sábado, 23 de novembro, a partir das 21h30. O espetáculo conta com a
presença de um coro e de uma orquestra, acompanhando a música de órgão histórico. Pedro
Teixeira dirige o Coro Ricercare, que vai acompanhar a Orquestra Clássica do Centro na
execução da Missa Ad Astra. Antecedendo o Concerto Liberdade – Missa Ad Astra, na Catedral
de Santarém, realiza-se no dia anterior, sexta-feira, 22 de novembro, pelas 17h00, uma mesa
redonda sobre a estreia da missa, que terá lugar na Sala dos Actos, e que se integra nos
encontros designados como: À Volta do FÓS em Santarém.
Com uma duração aproximada de 25 minutos, a Missa Ad Astra é uma obra para solos, coro e
orquestra, com baixo contínuo a ser realizado no órgão, sobre uma criação literária, em latim,
de Álvaro Áspera. Musicalmente, dado o compositor ter escolhido musicar a versão do texto
em latim criada pelo escritor, a composição foi abordada em estilo livre que lhe é próprio mas
segundo a escrita musical estilística do classicismo assumidamente inspirada na escrita
mozartiana tardia, nomeadamente ao nível do estilo da orquestração. A instrumentação da
Missa Ad Astra conta com o clássico quarteto de solistas, coro misto e orquestra, com o coro
dobrado por trombones, uma orquestra constituída por cordas com baixo cifrado (órgão), a
que se junta um trio de madeiras, um trio de metais, bem como tímpanos e um inesperado set
de copos com água afinados. Passível de ser executada por uma formação com instrumentos
antigos, a instrumentação específica está, pois, cingida a esta intenção.

Sustentado nos eixos estratégicos criados e desenvolvidos propositadamente para o FÓS desde
a edição de 2021, a VI edição dá continuidade à identidade artístico-musical diferenciadora,
segundo os dois conceitos identitários de Santarém aplicados novamente como referência e
inspiração na conceção da programação. Sempre procurando insuflar no evento a criação de
uma imagem de marca distintiva associada a um modernismo artístico relacionado com a
tradição histórica musical, continua a aposta na divulgação dos Órgãos Históricos de Santarém
pela sua associação à arte, nomeadamente à criação de novas obras musicais onde o órgão
também tem presença. Sendo a Diocese de Santarém integrante do Conselho de Parceiros dos
Órgãos Históricos de Santarém, está contemplado na programação do FÓS um momento
muito especial que se associa à celebração do Jubileu dos 50 anos da criação da Diocese de
Santarém. Para tal, realiza-se este concerto com estreia absoluta de uma obra coral-sinfónica,
uma reflexão literária e musical sobre os conteúdos dos cinco textos do Ordinário da Missa.

Afonso Torres, organista residente do FÓS 2024


A Igreja Misericórdia recebe um recital de Afonso Torres, o organista residente do FÓS 2024,
ao final da tarde de sexta-feira, 22 de novembro, a partir das 19h00. No domingo, 24 de
novembro, a partir das 12h30, a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, acolhe uma conversa
didática óH! Tubos, Teclas e Música, iniciativa que se repete no sábado, 30 de novembro,
também pelas 12h30, na Igreja de São Nicolau, com coordenação de Afonso Torres. Ainda no
sábado, 30 de novembro, pelas 15h00, na Igreja de Nossa Senhora da Piedade pode-se assistir
a mais uma prestação de Afonso Torres.
Afonso Torres, natural de paredes, frequenta a classe de Órgão no Conservatório Superior de
Paris. Aos 15 anos, ingressou no Conservatório do Porto e iniciou em 2018 a licenciatura na
Universidade HfMT, em Hamburgo, Alemanha. Em 2023 aprofundou durante um ano o seu
conhecimento do repertório organístico francês em Toulouse. Em 2021 ganhou o segundo
prémio no XV Concurso Internacional Gottfried-Silbermann, em Freiberg, também na
Alemanha, e tem sido convidado a tocar em festivais de renome e em alguns dos mais
importantes órgãos históricos mundiais.

Free Organ Day com o Conservatório de Música de Santarém


No sábado, 23 de novembro, a partir das 10h00, realiza-se o Free Organ Day, um percurso de
audições com alunos e professores da classe de órgão do Conservatório de Música de
Santarém que vai passar por vários monumentos do centro histórico de Santarém. O evento
começa na Catedral de Santarém, pelas 10h00, segue para a Igreja de Nossa Senhora de
Marvila, pelas 11h00, depois a Igreja da Misericórdia, pelas 12h00, encerrando a manhã. De
tarde, a ação começa a partir das 15h30, na Igreja de Santa Maria de Alcáçova, continua na
Igreja de Nossa Senhora da Piedade, pelas 16h30, terminando pelas 17h30 na Igreja de São
Nicolau.

Poetralinho oferece Recital e Encenação para Crianças


A Igreja de Santa Maria de Alcáçova recebe na tarde de domingo, 24 de novembro, a partir das
15h00, uma ação destinada ao público infantil, o Poetralinho – Recital e Encenação para
Crianças, dinamizado por Sofia Vieira, na companhia da música de órgão tocada por Liliana
Duarte.
Liliana Duarte é licenciada em música, performance em órgão pela Universidade de Aveiro e é
mestre em ensino de música pelo Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de
Aveiro. Atualmente, leciona órgão na escola de música São Teotónio, em Coimbra e no
Conservatório de música da JOBRA, na Branca. Frequentou e continua a participar em cursos
de aperfeiçoamento no âmbito da música antiga, em órgão, direção coral e composição para
órgão. Para além do ensino artístico, desempenha funções de organista em algumas paróquias
de Viseu, colabora como organista no projeto Iberian Ensemble desde 2020 e é membro do
ensemble vocal Auri Voces.
Sofia Vieira nasceu em Santarém, em 1979. É licenciada em Psicologia Educacional pelo
Instituto Superior de Psicologia Aplicada (Lisboa) e formada em Educação pela Arte e em Arte
Terapia. Desde 2007, é promotora do projeto Aqui há Gato, uma Livraria infantil com um plano
educativo e artístico dinamizado em jardins-de-infância, escolas, bibliotecas e teatros, com
várias valências, entre as quais livraria infantil, companhia de teatro, e oficinas de arte para
bebés e crianças até aos 12 anos. Salienta a importância do livro infantil recorrendo a técnicas
dramáticas, permitindo às crianças entrarem no mundo mágico e deixarem-se estimular pelas
personagens que habitam nos livros infantis. Desenvolve trabalho como atriz, cenógrafa,
animadora, contadora de histórias. Como intérprete, já participou em várias produções, entre
as quais “Princesa porque bocejas tu?”, “Trono do Rei”, “200 amigos (ou mais) para uma vaca”,
“Pássaro da Alma”, “Nos mares do fim do mundo – de Bernardo Santareno, adaptação para
crianças”, “Ninhos, teatro para bebés, “Viagem ao Centro da Terra, Teatro de Luz Negra”, “Tejo
por um Fio”.

Concertos Históricos na Capela Dourada


Conhecida como Capela Dourada, a Capela da Venerável Ordem Terceira de São Francisco,
contígua à igreja do Hospital de Jesus Cristo, é dos mais emblemáticos monumentos da cidade,
passou igualmente a integrar a programação do FÓS. Este ano, a Capela Dourada vai receber
no domingo, 24 de novembro, pelas 16h30, um primeiro Concerto Histórico, com órgão, voz e
viola de gamba, dedicado à música dos séculos XVII e XVIII, a cargo do Ludovice Ensemble, com
Eduarda Melo, soprano e Sofia Diniz, viola de gamba, sob a direção Fernando Miguel Jalôto,
também responsável pela execução do órgão.
A segunda data na Capela Dourada acontece na tarde de sábado, 30 de novembro, também a
partir das 16h30. Desta vez, o Concerto Histórico incidirá sobre a música dos séculos XVI e XVII,
através da atuação do Musurgia Ensemble, com direção de João Francisco Távora e Helder
Sousa, no órgão e igualmente direção.
Fernando Miguel Jalôto completou os diplomas de Bachelor of Music e de Master of Music no
Departamento de Música Antiga e Práticas Históricas de Interpretação do Conservatório Real
da Haia, nos Países Baixos e estudou órgão barroco como bolseiro do Centro Nacional de

Cultura. É mestre em música pela Universidade de Aveiro e doutorando em Ciências Musicais,
Musicologia Histórica na Universidade Nova de Lisboa. É fundador e diretor artístico do
Ludovice Ensemble, um dos mais ativos e prestigiados grupos nacionais de Música Antiga, já
com 18 anos de existência, e tem colaborado com grupos especializados internacionais. Em
Portugal é também membro do Ensemble Bonne Corde e da Real Câmara Baroque Orchestra.
Tocou em festivais e concertos em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo,
Reino Unido, Irlanda, Noruega, Alemanha, Áustria, Polónia, Estónia, Bulgária, Israel, China e
Japão. Já tocou com as orquestras Gulbenkian e Metropolitana de Lisboa e trabalhou sob a
direção de vários dos maiores diretores especializados da área. Como maestro dirigiu grandes
obras do repertório barroco e várias missas, cantatas, oratórias, óperas e bailados em salas
como a Fundação Gulbenkian e o Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa. É o diretor
artístico e pedagógico e professor da Academia Ludovice, curso e festival internacional
dedicado ao ensino e divulgação das práticas históricas interpretativas da música, dança e
teatro barrocos. Colabora regularmente com os serviços educativo e editorial da Casa da
Música, no Porto, onde tem escrito notas de programa e orientado cursos livres de História da
Música. Como musicólogo publicou artigos na Revista Portuguesa de Musicologia e em
algumas das mais consagradas publicações sobre música antiga.
O Ludovice Ensemble é um grupo especializado na interpretação de música antiga, sediado em
Lisboa, criado em 2004, com o objetivo de divulgar o repertório de câmara vocal e
instrumental dos séculos XVII e XVIII através de interpretações historicamente informadas e
usando instrumentos antigos. O nome do grupo homenageia o arquiteto e ourives alemão
Johann Friedrich Ludwig (1673-1752) conhecido em Portugal como Ludovice. O grupo trabalha
regularmente com os melhores intérpretes portugueses especializados, e também com
prestigiados artistas estrangeiros. Apresentou-se em Portugal nos principais festivais nacionais
e é uma presença regular nas duas principais salas de Lisboa: o CCB e a Fundação Calouste
Gulbenkian. Apresentou-se no estrangeiro nos mais prestigiantes festivais de música antiga, na
Bélgica; Países Baixos; França, República Checa; Israel; Irlanda; Estónia e Espanha. Gravou ao
vivo para a RDP-Antena 2, a Rádio Nacional Checa e a Rádio Nacional da Estónia, bem como
para o canal de televisão francês MEZZO. O seu primeiro CD, para a editora Franco-Belga
Ramée/Outher e foi nomeado em 2013 para os prestigiados prémios ICMA na categoria de
Barroco Vocal.

Todas as atividades que integram a programação da 6ª edição do FÓS — Festival de Órgão de
Santarém são de entrada livre
O programa integral do FÓS 2024 pode ser consultado na internet em
www.santaremcultura.pt

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